sábado, 23 de junho de 2012

Toque de recolher viola Estatuto da Criança e do Adolescente e o poder familiar


Ao editar o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o legislador enfatizou a responsabilidade dos pais no exercício do poder familiar: zelar pela guarda e proteção dos menores em suas atividades do dia a dia. Com esse fundamento, a Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) atendeu a recurso do Ministério Público de São Paulo (MPSP) para cassar portaria que instituía “toque de recolher” em uma avenida de Fernandópolis (SP). 
Para o ministro Teori Zavascki, o ECA restringiu expressamente o poder do juiz de editar normas de caráter geral e abstrato, reservando tal competência ao Poder Legislativo. O Código de Menores, de 1979, concedia mais poder ao magistrado, ao autorizar a fixação de normas gerais necessárias à assistência, proteção e vigilância ao menor.
Código de Menores “Na vigência da lei anterior, a autoridade judiciária devia regulamentar, por portaria, o ingresso, a permanência e a participação de menores em espetáculos teatrais, cinematográficos, circenses, radiofônicos e de televisão, devendo, ainda, baixar normas sobre a entrada, a permanência e a participação de menores em casas de jogos, em bailes públicos e em outros locais de jogos e recreação”, ilustrou o relator.
“O juiz de menores podia ainda estabelecer regras a respeito de hospedagem de menor, desacompanhado dos pais ou responsável, em hotel, motel, pensão ou estabelecimento congênere, tendo em vista as normas gerais dos artigos 50 a 58 do Código de Menores, levando em conta as condições sociais da comarca e os malefícios a essas pessoas em formação”, completou, citando voto anterior em caso similar. O ECA, porém, mudou essa situação.
Função jurisdicional O ministro destacou que a portaria mencionada no ECA é atípica, por ser de exclusividade do Poder Judiciário em sua atuação jurisdicional e sujeita a recursos. O ministro destacou também que a portaria não se constitui em liberalidade do juiz. “O legislador estatutário vinculou sua expedição a cada caso concreto, vedando determinações de caráter geral”, sustentou.
Conforme Zavascki, o ECA retirou do juiz atribuições não jurisdicionais, como as ligadas à criação, implantação e provocação de políticas públicas, agora delegadas a órgãos como os Conselhos Tutelares e Ministério Público e Poderes Legislativo e Executivo.
“O ECA criou as condições necessárias para a adequação da função jurisdicional às suas características originárias, conferindo a outros atores atribuições antes exercidas pelos magistrados, além da possibilidade de estes provocarem a jurisdição, através de processo regular”, afirmou o relator.
Poder familiar Para o ministro Teori Zavascki, o poder do juiz da infância e adolescência de emitir portarias fica limitado aos exatos termos do artigo 149 do ECA, só sendo possível disciplinar através de tais portarias a entrada de crianças e adolescentes desacompanhados em certos locais públicos ou a participação de crianças e adolescentes em certos eventos, desde que as normas atendam a critérios predeterminados nesse artigo, sejam fundamentadas e não possuam caráter geral.
“O que ocorre com o Estatuto é que o exercício do pátrio poder foi reforçado. Exemplo: antes pai e mãe só podiam frequentar certos lugares com os filhos se o juiz de sua comarca o julgasse adequado. A legislação anterior autorizava o juiz a agir como se fosse o legislador local para esses assuntos, expedindo portarias que fixavam normas sobre o que os pais podiam ou não fazer nesse terreno”, explicou.
“Ou seja, o juiz era autorizado, por lei, a interferir no exercício da cidadania dos pais em relação aos filhos. O juiz era quem autodeterminava no lugar dos pais! Agora, cabe aos pais disciplinarem a entrada e permanência dos filhos, desde que os acompanhem”, concluiu. 
Fonte: STJ


3 comentários:

  1. Olá!!
    Gostei muito desse post; infelizmente, aqui no Brasil, o povo tem a tendência de "empurrar" para o Estado a responsabilidade de educar seus filhos; querem que a escola faça isso, ao invés de ensinar, e querem que o Estado tome certas decisões que cabem aos pais.
    O ECA foi um grande avanço, afinal antes a criança e o adolescentes não eram vistos como prioridade, mas hoje creio que ele precisa de fato ser revisto, não somente na parte dos direitos, mas também na parte dos deveres dos adolescentes que cada dia que passa cometem mais crimes hediondos e saem impunes.
    Parabéns pelo post!!
    Bjos!!
    www.pontodopontocruz.blogspot.com

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  2. OLA JACIRA!
    FICO CONTENTE QUE TENHA GOSTADO DO POST, MAS INFELIZMENTE NO BRASIL TEM QUE HAVER MUITA MUDANÇA E INVESTIMENTOS, PRINCIPALMENTE NO QUE DIZ RESPEITO A EDUCAÇÃO, QUE DEVERIA SER PRIORIDADE, POIS A FALTA DE EDUCAÇÃO E IMPUNIDADE CAMINHAM JUNTOS EM NOSSO PAIS, DEVIDO AO MAL HÁBITO DA MAIORIA DAS PESSOAS QUE INSISTEM EM ELEGER PESSOAS TOTALMENTE DESPREPARADAS, INCOMPETENTES E CORRUPTAS, SE NÃO COMEÇARMOS A EDUCAR NOSSOS FILHOS EM CASA, VAMOS CONTINUAR A VER UM MUNDO CADA VEZ MAIS VIOLENTO, BOM JÁ COMEÇAMOS A AVANÇAR NESSE SENTIDO, NOS JUNTANDO, OBRIGADA PELA VISITA E BOM FINAL DE SEMANA, ABRAÇOS E SUCESSO.

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  3. JACIRA ADOREI SEU COMENTÁRIO, CONCORDO!!!

    DOUTOR PARABÉNS PELO BLOG!!!

    BEIJOS!

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OBRIGADO PELA VISITA!
SEU COMENTÁRIO É DE EXTREMA IMPORTÂNCIA.